quinta-feira, junho 14, 2012

apatia e segredos.

Acho que por conta dessa última semana de inferno astral tenho andado meio apático. Um pouco em pânico com a nova (VELHA) idade, mas ando mesmo apático. Nada me faz rir, nada me faz sentir. Eu tenho apenas existido esses últimos dias. Sim, pode ser uma tristeza e hoje, pela primeira vez na minha vida, eu queria poder voltar no tempo e ter coragem de fazer algumas coisas de forma diferente. Mas o tempo não volta, não é?

Mas queria falar um pouco da terra da garoa, de como foi tão legal em apenas cinco dias. Me senti tão importante, tão amado, tão feliz que não quis voltar pra minha vida aqui. Meu amigo cardiologista foi perfeito comigo, me levou para lugares muito legais, me apresentou seus amigos e me confidenciou segredos. Sim, ele me disse que era gay, o porque amava a cidade que morava e que estava muito feliz e assumiu o namoro com o arquiteto. Sim, eu me senti muito feliz em ouvir aquilo e, juro, quis falar de mim, mas não falei. Não é fácil pra mim dizer que sou bissexual e relatar que fui estuprado aos 15 anos.

Nunca tinha dito isso aqui e apenas um dos meus amigos sabe disso, mas esse segredo é um fardo, pois envolve muita coisa que magoaria muito minha família. Convivo com isso e não é fácil, pois continuo tendo tesão quando me imagino sendo estuprado, depois morro de nojo de mim mesmo. É ruim, muito. E as vezes acho que o menino que eu era morreu naquele dia, por volta das 23h no meio daquela casa em construção. O menino que saiu dali, desesperado, vestiu uma máscara e chegou em casa com um sorriso no rosto, pois sabia que falar aquilo iria encher sua família de culpa porque não quiseram ir buscá-lo no shopping. Era um período muito difícil que passávamos e a escolha que fiz em esconder me foi a mais acertada no momento.

E embora meu amigo tenha dito que me considera um irmão, eu não me sinto no direito de dividir esse fardo com ninguém, mas ao mesmo tempo acho que somente quando eu falar mais sobre isso vou poder me ajudar mais. Me libertar mais. Viver. Isso me faz ruim para com meu amigo/irmão? Eu sei que ele esperava que eu dissesse algo meu e só lhe dei meu silêncio e amizade. Tenho pensado em falar com ele quando vier em agosto, mas será que ele quer saber? É muito difícil pra mim falar nesse assunto.

5 comentários:

FOXX disse...

pois é exatamente o contrário.
vc não tem o direito de impedir que sua familia e seus amigos não estejam lá por vc. não possam ajuda-lo. você os está culpando, no fundo. mas espero que você possa começar a lidar com isso, e começar a falar agora já é um jeito de lidar...
qualquer coisa estou aqui para ajudar, para ouvir.

Fred disse...

TEN-SO!
Eu tb estou aqui por vc, visse?!?
Se precisar é só prender o grito, falowwwwwwww!
Bjssss!

M. disse...

Oi, King..rsr é Margot e estou aqui para te agradecer pelo seu coment no TPM. Qualquer hora volto para ler com mais calma. E a banca de revistas pra mim...é o céu, só perde para uma livraria inteira..rsrsr
abraços

Fred disse...

Eu tb adoro uma banca de revistas, um sebo, uma biblioteca... heheheh! Bjz!

Otávio disse...

Nossa, este post eu não tinha lido ainda... E fiquei chocado.

Sério, não sei se concordo com o fox, pode ser que você os esteja culpando, pode ser que você não queira a ajuda deles, e pelo que você falou, claro, este não é um assunto que você superou, e nem sei se é possível.

Só que acho que cada um tem suas necessidades, talvez você precise trabalhar este assunto com você mesmo antes de falar dele para os outros, qualquer que sejam estes outros. E talvez você nunca fale.

Não sei muito bem o que dizer, nunca passei por uma coisa assim, mas sério, é uma lembrança traumática e que vc tinha quinze anos, hj vc ve as coisas diferentes, pode ser que hj vc tenha prazer pela lembrança pq já não parece real, pq hj você gosta de sexo com homens e vc tenta pensar nisso como somente sexo com um cara, sei lá.

Só posso dizer que também estou aqui pra conversar e continuo o comentário no outro post.