quarta-feira, maio 23, 2012

(se) jogando

Hoje, após postar o texto anterior, voltei para o trabalho sem vontade nenhuma de trabalhar, e olha que eu amo meu trabalho. Faz tempo que eu não sentia essa vontade de ficar em casa, sem pensar em nada, apenas existindo. Mas voltei ao trabalho, na hora certa de bater meu ponto (minha pontualidade britânica chega a ser irritante, é como se eu competisse com o relógio) e entrar na sala. Mal entrei e vi um rapaz loiro, olhos verdes, o corpo magro, mas pelos braços podia-se ter ideia de que era trabalhado, o cabelo comprido, rastafari. Dei boa tarde, ele respondeu e fui sentar a minha mesa. Notei que ele me acompanhou com o olhar, cruzamos os olhares e sorri, ele sorriu de volta.

A secretária da sala me pergunta se eu tenho um documento para entregar para uma empresa que presta serviço, eu respondo que não. Ela liga para o chefe que pede para falar comigo e procurar uma nota fiscal na mesa dele. Vou a sala do chefe, olho a mesa, procuro a tal nota e acho mais de uma. Chamo o rapaz pra sala do chefe, ele entra sorridente e ajeita o pau na calça, eu acompanho com o olhar, ele senta a minha frente. Pergunto o nome da empresa e ele me diz que apenas presta serviço, que não sabe o nome da empresa que ele tem que levar a nota. Ligo pro chefe fitando os olhos verdes do loiro rastafari, ele me devolve o olhar sorrindo, sempre. Meu chefe não atende, eu pergunto se ele se incomoda de esperar um pouco e ele diz que não.

Ele começa a dizer do dia-a-dia dele e eu (finjo) presto atenção, sorrio, faço perguntas. Ele diz que gosta de andar de moto pela cidade, zanzando, resolvendo as coisas, fazendo o horário dele, conhecendo gente interessante. Eu devolvo o sorriso quando ele fala "gente interessante". Ligo novamente pro chefe, que não atende, converso mais dois dedos de prosa com o rastafari loiro, que tem o olhar penetrante e o sorriso bonito.

Meu chefe liga, pede pra olhar no móvel atrás da mesa dele, me abaixo para procurar deixando a bunda empinada, viro rápido para trás (de propósito) e vejo que ele está me olhando. Acho a bendita (ou maldita) nota fiscal, coloco em um envelope e entrego pro motoqueiro. Ele pergunta meu nome, respondo e ele sorri "o meu é Márcio, se precisar de mim é só ligar". Agradeço e digo "prazer", ele sai pela porta. Antes de retornar a minha mesa eu visualizo a trepada com o rasta e fico com vontade, saio da sala e o vejo tomar água no bebedouro do corredor, ando até ele, que levanta-se e fica me olhando. Me inclino, tomo água e pergunto se ele não tem um cartão, caso eu precise dos seus serviços. Ele ri, diz que tem, mas que acha melhor eu ligar no celular dele e me acompanha anotando o número no meu celular. Nos despedimos novamente, ele com o sorriso mais aberto ainda e finaliza "pode me ligar, doutor". E eu fiquei morrendo de vontade.

Ganhei o dia nesta quarta-feira sem graça.


4 comentários:

FOXX disse...

EEEEEEEEEEEEEEEEEIIIIITTTTTTTTAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Herético disse...

LIIIIIGA, CARAAAALHOOOO!!!
e claro, depois conta pra nós a trepada :P

Fred disse...

Ulalá!!!
Me dá um pouco de mel, pleaseeeeeee!!!
E só sabonetinho de neném, então? Essa bundinh... ops, digo, pele deve estar uma loucura... hahahahahaha! Hugz!

Otávio disse...

Já fazem dois dias, vc já ligou??? Hj é sexta, tá no dia!!!