quarta-feira, julho 19, 2006

Apaixonado, completamente.


Não sei nem começar a explicar o que estou sentindo, e nem sei se vou conseguir fazê-lo em apenas um post.
Conheci um garoto há alguns anos na casa de praia do meu tio. Ele era filho de uma amiga da minha tia. Tímido, sorriso nervoso, se assustou quando bati na porta do quarto e o convidei a dar um passeio com meus primos. Mesmo parecendo ser a contra-gosto, ele foi. E se divertiu. Estudante de medicina, disse que foi a saída mais divertida da vida dele (definitivamente o rapaz tinha que deixar de cheirar formol).
Se passaram alguns meses sem contato. Muito escassos, na verdade, por telefone, até nos re-encontrarmos na mesma casa no carnaval. Foi aí que se criaram laços. Eu me sentia atraído por ele (afinal, como não se sentiria?). Meigo, educado, gentil e com o corpo lindo. O menino era só sorrisos, me deixava tranquilo e a vontade.
Nossa amizade começou a crescer quando sua irmã sumiu e fui eu que tranquilizei sua mãe que a essa altura já estava histérica com o dia amanhecendo e o sumiço da adolescente. Deu tudo certo e assim passamos a ser amigos. Nossa amizade era meio espassada, nos falávamos somente de vez em quando e nossos encontros eram raros. Eu o apresentei meus amigos e ele passou a querer encontros mais frequentes, pois toda aquela aura de nosso primeiro encontro ele reencontrava sempre e me dizia "vamos sair hoje, estou precisando em divertir".
Nunca achei que eu fosse palhaço ou comediante, mas sempre vi com carinho quando ele me ligava pedindo isso. eu teria um lugar especial na vida dele, para sempre.
Como nunca sai do armario passei a me sentir solitário. Passei a não ficar mais com garotas quando não estava a fim para evitar comentários a meu respeito. Ele sumiu da minah vida, e quando o reencontro o vi com um cara declarado gay na cidade inteira. Nada demais, podiam ser amigos, não é? Mas o comportamento do cara era no mínimo curioso quando se afastava toda vez que eu me aproximava, até que os vi juntos na estréia de Brokeback Mountain e ele abaixou a cabeça quando me viu.
Fiquei arrasado. Não seria eu, digno de confiança? Por intermédio de amigos soube que ele tava namorando o tal cara. Meus amigos tinham amigos gays que namoraram com o fulano e confirmaram que eles estavam juntos. No orkut do meu amigo, fotos e scraps discretos, no do outro tinha fotos deles juntos, várias.
Meses depois ele me procurou. Nunca se abriu comigo e nem eu com ele. Soube que ele se assumiu para os pais, mas acho que ele nem desconfia que eu pesquisei todas esas informações. Gosto muito dele, mais do que pra uma transa apenas. Tenho vontade de ficar deitado, juntos, cheirando seu cabelo. De sorrir e de ouvir "bom dia".
Fui aconselhado por um amigo de me abrir. Não em dizer que era apaixonado por ele, mas em dizer que eu sabia que ele era gay, que eu também era, e que seria ótimo podermos contar um com o outro. Se fosse para termos um romance, viria naturalmente. Eu preferi não falar, acho que seria invasão de privacidade. Eu iria odiar, se alguém que fosse meu amigo dissesse "eus ei que você é gay". Oras se sabe, fica na sua, se eu quisesse contar para alguém contaria, não precisaria de alguém me ladeando, me obrigando a revelar o meu íntimo.
Hoje ele se afastou por essas vias da vida. Talvez tenha medo que eu o confronte ou até quem sabe assuma estar apaixonado. É extremamente cuidadoso e carinhoso comigo, mas mal nos vemos. Me pergunto se eu tivesse falado se ele teria se afastado também ou não. Talvez possamos viver o nosso Brokeback um dia, seja como amigos ou como amantes.

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